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domingo, 21 de agosto de 2011

O Magista e a Sociedade


Por Papus, Tratado Elementar de Magia Prática, Cap. 13.

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Até aqui temos visto as práticas mais simples que permitem ao magista a educação progressiva de sua vontade e a ação cada vez mais consciente sobre os seres psíquicos. Suponhamos agora que o experimentador chegou a constituir em redor de si uma atmosfera de simpatia tanto no mundo invisível como no mundo visível; vamos pedir-lhe que utilize seu trabalho e suas ciência em benefício dos profanos e dos ignorantes, daqueles que, longe de o compreenderem, responderão a cada benefício, com ataques envenenados, a cada revelação, com sarcasmos.

É aí que está o resultado inegável deste apostolado e aqueles que por ele passaram, sabem quanta energia e firmeza de ânimo é preciso para ser bom e sorrir para todos esses curiosos e esses impotentes de hoje, que serão os adversários e os inimigos de manhã, salvo raras e nobres exceções. Só mui dificilmente se encontrará, uma vez ou outra, um coração generoso que esteja disposto a todos os sacrifícios intelectuais e a todos os devotamentos para ajudar a suportar as provas comuns, aí está a história de todos os adeptos do ocultismo, desde Pitágoras até Raimundo Lullo, e desde Paracelso até Martinez de Pasqualis e Luiz Claudio de Saint-Martin.

Estes obstáculos, porém, não devem nunca de deter o investigador e é agora que precisamos descrever qual deve ser a conduta do magista na sociedade, qual deve ser sua influência intelectual nos meios hostis e como Cavaleiro da Ideia, ele se deve lançar no combate, sem contar nunca com o número de seus aliados nem com o de seus adversários.

Quão útil para o discípulo independente não ultrapassar nunca os estudos de imantação e concentração! Rodeado de alguns amigos sinceros, guiados pelos conselhos dos mais experientes em estudos, nos grupos onde o trabalho silencioso é a primeira regra a ser observada, ele deve preparar-se para as lutas e deveres que lhe reserva o apostolado entre os profanos. Superior às tentações do triunfo depois da batalha, deve permanecer como o receptáculo vivo da Alta Ciência, desconhecido dos inimigos como dos curiosos. É graças a tais homens que jamais a tradição hermética se perdeu e o sábio alquimista do século XV, prosseguindo silenciosamente seus trabalhos no fundo de uma adega, enquanto a ignorância clerical triunfava à luz do dia, legou à posteridade tesouros mais reais que a pedra filosofal e o elixir da longa vida.

Não deveis esquecer nunca, vós que quereis ir por diante e modelar a humanidade como aprendestes a modelar vossa própria substância, não esquecei nunca que, se tiverdes um instante que seja de desfalecimento, a matéria em fusão se revoltará contra vossa ação, e sereis a primeira vítima das forças que não soubestes dominar.
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